12 de Dez, 2025
Vereador questiona secretária de Harvard que arrecadou R$ 5,2 bilhões e não evitou calote nos tapa-buracos
18 de Nov, 2025

Atendendo a requerimento aprovado no Plenário, a secretária municipal de Finanças, Márcia Helena Hokama, reuniu-se com vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande na manhã desta terça-feira (18). Ela foi cobrada, principalmente, em relação à retomada dos serviços de tapa-buraco, que estavam suspensos nos últimos dias em decorrência da falta de repasse de recursos pela prefeitura às empresas.

O vereador Landmark Rios (PT) foi um dos que fizeram críticas contundentes à gestão financeira do município. Em sua fala, ele questionou o contraste entre os números apresentados pela secretária e a realidade enfrentada pela população.

“A nossa secretária de Finanças é formada em Harvard. Ela coloca os números lá, é milhão pra lá e milhão pra cá, que melhorou, melhorou, melhorou. Mas eu falei pra ela: secretária, em qual mundo a senhora está vivendo? A senhora não está pagando a Sisep, não está pagando os remédios. Em qual mundo a senhora está?”, questionou o vereador.

BURAQUEIRA

A reunião levou quase duas horas. Vários vereadores falaram das dificuldades enfrentadas pelos moradores de Campo Grande, diante das ruas completamente cheias de buracos, situação que se agravou com as últimas chuvas. Providências já foram cobradas da Secretaria Municipal de Infraestrutura, que justificou a falta de recursos.

O vereador Landmark Rios pontuou que a suspensão do tapa-buraco gerou um problema ainda maior para os cofres públicos. “O buraco que tinha uma determinada medida agora virou uma cratera. O recurso para tapar aquele buraco era um, mas agora, se retomar o tapa-buraco para tapar aquele buraco que está maior, o custo vai ser muito maior”, alertou.

CALOTE

O parlamentar também cobrou explicações sobre o passivo com fornecedores da área da saúde. “Muitos fornecedores da farmácia de saúde estão reclamando, nos procurando aqui nesta Casa, dizendo que não receberam e que não irão mais fornecer os remédios para as nossas farmácias devido ao passivo de recursos financeiros que a Secretaria de Finanças deve”, alegou Landmark.

O vereador questionou ainda sobre outras medidas aprovadas pela Casa de Leis. “Sempre teve o desconto de 20% para empreendedores. Esta Casa de Leis aprovou um Refis, aprovamos uma série de medidas e reformas administrativas. Mas o município de Campo Grande não deu nenhuma resposta do que foi feito”, cobrou.

Ao encerrar sua fala, Landmark pediu explicações sobre o planejamento financeiro da prefeitura. “Qual o planejamento de desembolso, de pagamento dessas situações? Esta Casa de Leis e nós, vereadores, estamos todos empenhados em encontrar uma solução para essas questões preocupantes”, afirmou.

DESCONFORTO

Antes de responder às perguntas dos vereadores, a secretária Márcia Helena Hokama iniciou uma apresentação com seu currículo, destacando cursos e especializações em diversas instituições, incluindo a renomada Universidade de Harvard, além das atribuições da Secretaria, dados de arrecadação e informações de modernização da gestão contábil, fiscal e financeira.

A estratégia, no entanto, gerou desconforto entre os parlamentares, que questionaram a necessidade de tais informações. Muitos vereadores já conheciam a trajetória profissional da secretária e esperavam respostas objetivas aos questionamentos apresentados. A percepção na Câmara foi de que Hokama tentava usar suas credenciais acadêmicas para ganhar tempo e se esquivar das perguntas diretas sobre a crise financeira enfrentada pelo município.

Foi nesse contexto que o vereador Landmark Rios utilizou a expressão “secretária de Harvard” em sua crítica, fazendo referência às credenciais apresentadas pela gestora em contraste com os problemas concretos enfrentados pela população.

ARRECADAÇÃO

Em sua fala, a secretária informou que a arrecadação do Município até agora alcançou R$ 5,2 bilhões e fechará o ano abaixo dos R$ 6,8 bilhões estimados no Orçamento, justificando as medidas de contingenciamento adotadas pela prefeitura. Diante desses dados, a secretária negou que a peça orçamentária enviada para a Câmara esteja subestimada, como foi questionado por vereadores.

Além da questão do tapa-buraco, os vereadores perguntaram ainda sobre redução do desconto para pagamento à vista do IPTU (que foi reduzido de 20% para 10%), gastos com pessoal e medidas para adequação às contas. Ela justificou o alto gasto com pessoal, que compromete cerca de 55% da receita, falando principalmente dos gastos com servidores efetivos da educação e saúde. A secretária justificou ainda a queda no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) como um dos impactos na arrecadação municipal.

Adiante, após vários questionamentos, a secretária anunciou, ao final da reunião, a expectativa de que os serviços voltem a ser executados a partir de quarta-feira, com o pagamento parcial das empresas.

Já no fim da reunião, a secretária informou que recebeu uma ligação da prefeita Adriane Lopes, falando da expectativa de que a prefeitura deverá pagar até amanhã as empresas e o trabalho de tapa-buraco seja, então, recomeçado.

“Todas as empresas estão contempladas. Não vai estar totalmente em dia, mas a gente vai começar agora a fazer os pagamentos”, afirmou a secretária Márcia Hokama. O pagamento às empresas deve chegar a cerca de R$ 10 milhões, porém o montante atrasado não foi informado.

Da Redação
Foto: Assessoria




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