27 de Dez, 2025
Pantanal terá monitoramento inédito de onças-pintadas com uso de inteligência artificial
16 de Dez, 2025

Um projeto inédito do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) vai aprofundar o monitoramento da população de onças-pintadas na Serra do Amolar, em Corumbá (MS), e estimar a presença da espécie nesse território do Pantanal. A iniciativa foi aprovada pelo Fundo Luz Alliance, gerido pela BrazilFoundation, e está alinhada à Década da Restauração dos Ecossistemas, da Organização das Nações Unidas (ONU).

Com início previsto para 2026 e duração de até 12 meses, o projeto terá duas frentes principais: o uso de 40 armadilhas fotográficas, adquiridas em parceria com a LogNature, e o trabalho direto com comunidades locais, incluindo levantamento de percepções sociais sobre a convivência com a espécie.

A coleta de dados ecológicos será feita a partir de deslocamentos de mais de 400 km pelo rio Paraguai, gerando mais de 120 mil imagens de fauna, que serão catalogadas com apoio de inteligência artificial e analisadas pela equipe técnica do IHP.

Além do levantamento populacional, a proposta inclui ações voltadas à redução de conflitos entre humanos e onças. As informações devem ajudar a mitigar a predação de animais domésticos e subsidiar futuras estratégias de PSA (Pagamento por Serviços Ambientais), com foco na geração de créditos de biodiversidade. A pesquisa também pode contribuir com políticas públicas nacionais, como o Plano de Ação Nacional da Onça-Pintada (PAN), coordenado pelo Cenap/ICMBio.

“Esse projeto é fundamental para permitir que a gente tenha um grande grid de cameras traps na Serra do Amolar. Com esses equipamentos, conseguimos registrar a presença dos animais e, a partir disso, desenvolver uma série de pesquisas. Nessa etapa, queremos estimar a abundância e densidade desse animal no território da Serra do Amolar, que forma um grande corredor de biodiversidade dentro do Pantanal. Vamos também ter um desdobramento para entender e contribuir com a coexistência dessa espécie e pessoas que habitam a região. Serão frentes diferentes que iremos conduzir nesse projeto, mas que vão se complementar para trazer resultado positivo na conservação e para o bem-estar comunitário”, explicou o coordenador técnico do núcleo de Biodiversidade e Mudanças Climáticas do IHP, Wener Hugo Moreno.

O projeto será executado por uma equipe multidisciplinar formada por biólogos, veterinários, brigadistas ambientais, assistente social, auxiliares de reserva e piloteiros que atuam pelo IHP.

A onça-pintada, maior felino das Américas e espécie símbolo da conservação da biodiversidade no Brasil, é considerada “espécie guarda-chuva” por sua importância ecológica. A estratégia inclui o uso de técnicas de monitoramento populacional e análise da coexistência com populações humanas em áreas de conflito.

A expectativa é que os dados científicos também sirvam de base para a estruturação de políticas públicas e programas ambientais futuros no Pantanal e em outras regiões de ocorrência da espécie.

Da Redação
Foto: Assessoria

 




Notícias mais lidas