A crise na saúde pública de Coxim ganhou um novo capítulo com um desabafo contundente do médico Fernando Henrique Rocha Fontoura, que atua na Unidade de Saúde do Senhor Divino. Em um vídeo publicado nas redes sociais, ele expôs as dificuldades enfrentadas no atendimento à população e criticou a falta de gestão eficiente por parte da Prefeitura.

De acordo com o médico, a unidade conta com apenas um profissional para atender mais de 4 mil pacientes, um número muito superior ao recomendado pelo Ministério da Saúde. A superlotação e a falta de estrutura obrigam a população a madrugar na fila para conseguir uma consulta. “Pessoas que estão chegando aqui 4 horas da manhã para conseguir uma consulta, às vezes não tem nem um banco para sentar enquanto esperam. Isso para mim é desumano”, declarou Fontoura.

Ele destacou que, só em janeiro, mesmo com horário reduzido, realizou mais de 500 atendimentos sozinho. “Isso significa que, apesar de todo o esforço da nossa equipe, a demora tá sendo muito maior do que aquilo que a gente consegue absorver”, lamentou.

O médico também criticou a gestão da saúde municipal, apontando que as medidas adotadas são apenas paliativas e não resolvem os problemas estruturais do sistema. “Não adianta dizer que mandaram mais um médico para tapar o sol com a peneira. Saúde não se resolve com cuidados paliativos. O que a gente precisa é de mudanças reais de um sistema que funcione em rede, com médicos suficientes, gestores comprometidos e um território organizado de forma justa”, enfatizou.

Ele sugeriu melhorias como a ampliação do quadro de médicos, reorganização do atendimento, criação de gerentes para cada unidade de saúde e investimentos em tecnologias como teleconsultas. No entanto, ressaltou que nada disso será possível sem vontade política. “Tudo isso já existe, pode ser implementado, basta que haja compromisso com a população”, concluiu.

Saúde em crise e a gestão de Edilson Magro

O desabafo do médico ocorre em um momento crítico para a administração do prefeito Edilson Magro, que enfrenta uma série de problemas na gestão municipal. O transporte de pacientes já foi alvo de denúncias, com flagrantes de crianças sendo levadas em ambulâncias sem qualquer segurança. Além disso, servidores municipais sofreram cortes salariais, gerando grande insatisfação entre os trabalhadores do município.

Outro ponto crítico da administração foi a recente renegociação de uma dívida previdenciária de mais de R$ 7 milhões. Esse montante, que deveria ter sido quitado pela Prefeitura, precisou ser novamente parcelado, demonstrando dificuldades financeiras e de planejamento da gestão municipal.

Da Redação

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