Em um relato que revela a dura realidade enfrentada por muitas famílias em Coxim, uma mãe, que tem lutado pelos direitos e pela saúde de seu filho, denunciou as condições perigosas de uma ambulância que vinha realizando o transporte de pacientes entre Coxim e Campo Grande.
O caso veio à tona no início desta semana e expõe não só as falhas gritantes no sistema de saúde pública do município, mas também as tentativas de intimidação e silenciamento que a mãe enfrentou após divulgar o vídeo mostrando as falhas do veículo.
Cicera Duarte estava acompanhando seu filho acamado e portador de deficiência severa para uma consulta em Campo Grande. Conforme já noticiado, durante o trajeto, ela registrou em vídeo as inúmeras falhas na ambulância que deveriam transportar com segurança pacientes em estado delicado.
Assista o drama vivido pelo paciente e suas acompanhantes:
No vídeo, é possível ver a porta traseira da ambulância se abrindo várias vezes enquanto o veículo trafegava em alta velocidade. "A porta da ambulância está aberta. Olha isso, gente! É isso que a gente passa indo para Campo Grande", disse ela na filmagem, em um desabafo angustiado.
Além da porta defeituosa, o ar-condicionado do veículo estava emitindo gases do escapamento para o interior da ambulância, sufocando os ocupantes. "Eu tive que desligar porque estávamos ficando sufocados", relatou a mãe, visivelmente preocupada com a saúde e o bem-estar de seu filho.
Tentativas de silenciamento
Logo após a divulgação do vídeo, a mãe passou a ser alvo de ataques nas redes sociais, principalmente de pessoas ligadas à administração municipal, que tentaram minimizar a gravidade da situação e defender o prefeito Edilson Magro.
Em uma tentativa clara de silenciamento, um representante da prefeitura, identificado como chefe de transporte, foi à casa da mãe, pouco tempo após sua chegada da viagem, pedindo que ela apagasse o vídeo. "Pediu para que eu não divulgasse, não compartilhasse, e que era bom eu apagar o vídeo, porque o prefeito já estava ciente da situação", relatou ela.
No dia seguinte, outra funcionária da prefeitura entrou em contato, oferecendo ajuda financeira para exames do filho, o que a mãe interpretou como uma tentativa de "calar a boca" dela. "Se fosse um cala boca, ela nem precisava dar continuidade, pois eu iria denunciar tudo que aconteceu", disse, reafirmando sua intenção de lutar por uma saúde pública digna para todos os moradores de Coxim.
Luta diária
A mãe, que é responsável por três filhos, sendo dois deles diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e o outro, acamado devido a uma escoliose severa, compartilhou o sofrimento que vive diariamente. "Só Deus sabe da minha luta", desabafou, mencionando as dificuldades de cuidar de seus filhos e a falta de apoio adequado por parte das autoridades de saúde. "Meu filho era para ter sido operado quando a escoliose chegou a 50 graus. Agora, ele está com 143 graus de curvatura, e precisa dessa cirurgia para poder sentar novamente, se alimentar e usar uma cadeira de rodas adaptada".
A denúncia de Cicera gerou repercussão e expôs a falta de empatia e a tentativa de intimidação por parte da administração municipal. Apesar das tentativas de silenciamento, ela permanece firme em sua luta por melhores condições de saúde, não apenas para seu filho, mas para todos os cidadãos de Coxim. "Que tenham mais empatia pelo próximo. Julgar é fácil, difícil é se pôr no lugar", concluiu.
O Jornal MS Norte solicitou à Prefeitura de Coxim, na terça-feira, informações sobre o caso, mas não obteve respostas até a data desta publicação. O espaço continua à disposição para esclarecimentos.
Da Redação