Enquanto servidores sofrem com cortes nos salários e a população vê a cidade se transformar em um lixão a céu aberto, o prefeito de Coxim, Edilson Magro (PP), desfruta de um generoso salário de R$ 33.915,00. Os vencimentos do chefe do Executivo Municipal, bem como do vice, Flávio Dias (PSDB), foram reajustados pela Câmara Municipal, durante uma sessão extraordinária realizada no dia 7 de janeiro, durante o período de recesso do Legislativo, sendo sancionados logo em seguida.
Mesmo administrando uma cidade com apenas 32.151 habitantes, conforme o censo populacional de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Edilson Magro recebe praticamente o mesmo salário do governador Eduardo Riedel (PSDB), que é de R$ 35.462,27 e um dos maiores do Brasil.
O aumento, garantido pela Lei Ordinária nº 2016, de 07 de janeiro de 2025, elevou o salário do prefeito de R$ 19.380,00 para R$ 33.915,00, e o do vice de R$ 9.690,00 para R$ 20.144,00, um reajuste superior a 100%.
A decisão ocorre em um momento no qual o município enfrenta dificuldades financeiras, levando a gestão municipal a anunciar cortes de gastos em diversos setores, incluindo redução nos salários dos servidores públicos, fechamento parcial de unidades de saúde e colapso na frota de caminhões de lixo, que resultou na suspensão da coleta na semana passada.
Quais vereadores foram a favor do aumento?
Batista Pescador (PT)
Jefferson Aislan (Republicanos)
Johnny Guerra Gai (PP)
Lourdes (Podemos)
Luiz Eduardo (PP)
Lúcia da AAVC (PP)
Marcinho Souza (União Brasil)
Maurício Helpis (PSDB)
Simone Gomes (Republicanos)
Quais vereadores foram contra?
Abilio Vaneli (PT)
Ademir Peteca (Republicanos)
Adriana Nabhan (MDB)
William Meira (PSDB)
A aprovação do aumento salarial contrasta com a realidade enfrentada pelos servidores municipais. Na semana passada, o vereador Abilio Vaneli (PT) enviou um ofício ao prefeito e à secretária de Gestão, Veronildes Batista, exigindo explicações sobre os cortes nos salários dos servidores, que tiveram vencimentos reduzidos no início de fevereiro.
Vaneli alegou que a medida pode ser inconstitucional, violando o princípio da irredutibilidade dos vencimentos, garantido pela Constituição Federal.
Gestão que corta na base, mas mantém privilégios
O reajuste do prefeito e do vice ocorre meses após a administração municipal justificar cortes alegando dificuldades financeiras. No final de 2024, a prefeitura adotou medidas de contenção de despesas, incluindo redução do expediente nas unidades de saúde e suspensão de gratificações.
Além disso, o município enfrentou uma crise na coleta de lixo, deixando a população sem o serviço por dias. A frota de caminhões estava sucateada, e a gestão municipal não conseguiu resolver o problema rapidamente, o que gerou transtornos para os moradores.
O aumento salarial para os gestores municipais foi recebido com indignação por parte da população e servidores, especialmente diante das dificuldades enfrentadas na cidade.
A sanção da Lei Ordinária nº 2016/2025, assinada por Edilson Magro, evidencia que, mesmo com dificuldades para manter serviços essenciais, a gestão municipal priorizou o reajuste dos altos cargos.
O Sindicato dos Funcionários e Servidores Municipais de Coxim (SINSMSC) já havia questionado a prefeitura sobre os cortes realizados em 2024. Em novembro, o sindicato enviou três ofícios ao prefeito, à secretária de Gestão e ao procurador municipal, cobrando transparência sobre os cortes e a redução de gratificações, horas extras e despesas.
Da Redação
Foto: Assessoria